terça-feira, 25 de maio de 2010

Notícia para perdidos

Perdidos que se encontram por aqui, quando se encontram e se se, só queria dizer que estou numa entressafra. Compilando versos para a coesão necessária a um livro. Ou dois. Logo mais, publico outras coisas no http://papo-de-vendedor.blogspot.com
Por ora, a hora é outra.

Abraços,
Alex.

sábado, 17 de abril de 2010

Me ware wo

Em teu nome tem fé
A luminescência de teus olhos
Tem medida certa de mel e fogo
É guia para os devotos
De cabeça feita no balanço do teu corpo
Faço as contas, colar de contas, fazer de conta
Que não tem encanto
Enquanto no meu transe
Eu canto
Pra te homenagear
Me ware wo, ma fé
Pelo teu beijo de brisa e chuva
Quero versar yorubá
Dançar para a lua
ninguém se não você
elevará
Revelará o teu espelho de estrelas
No meu olhar
O lampadário da tua alma
Minha dose de fogo e mel
Filha de Oxum me guarde
Teu lago é meu céu

terça-feira, 30 de março de 2010

Ai se seres [Terapia Versológica]

Para tua psicose, sou Haldol
Para tua ansiedade, Rivotril
E teu TDAH, Ritalina
No teu desejo insano, sou febril
Para a minha febre: devoção
Para o meu suor: emoção
E no meu sorriso teu querer
E no teu território meu país
Nesses querer de quereres como diz
Que eu teu dia-a-dia aprendiz

Ah, esse gosto dos seres...
Nesse rosto tu me ensina a ser
Tua medicina, minha religião
Tem você e não, tem você
E não
Não tenho
De querer mais
Além do mais
A paz de pazes enfim

Sobressono

D
O
R
M
I
PARACORDAR

Poesia para acordar os meus olhos
Será que funciona?
Escrever à toa nunca me descreve
Nem que se revele o que me emociona
Releve a rima eleve a sina é leve
Assina o contrato do desacato acima
Rebeldia onírica pra refazer meu dia
Veja bem que o verso cresce a cada esquina
E logo a tinta não se esquiva do desejo
Cresce como se soubesse muito bem do teu beijo
O alvo de ti é meu alvo em si, seja mal ou bem, vem
Logo o vermelho simboliza teu fogo que procura fogo no meu colo
Poesia para dormir nus teus olhos
Será que funciona?

Intensões

O quanto de nós não passa de manutenção dos nossos velhos teimosos problemas?
Que tendência é essa tão conhecida e tão difícil de desviar que tenho de cair e mal e mal levantar?

Nunca gostei de estar caído por você de outra forma. Muito menos re-forma. Uma pontada qu'eu conheço bem e aprendi a controlar e virar e revirar noutras coisas. E procurar coisas novas. E ser gente nova. Nada de novo. Nada de novo. Porque quando o passa o novo é tão complicado tudo de novo? Eu não me prometo a você porque eu dei um passo a frente e pena, não senti que tua mão indicava o mesmo teulugar. Meulugar, outro, revolto, revolvo ao velho banco de praça, velha chuva, velhas novas dores cantadas pelo mesmo novo bêbado d'outrora. Outra hora de constrições cardíacas. Não me prometo a você que se despromete de mim. Porque na minha passada tem presente de nosso futuro. No teu passado tem o desejo do passado no presente que estamos. E eu, ramo de árvore seco, fraco, quebrei. Deixei você cair... apodreço ou viro adubo? Floresço. Quem sabe quando? Quem sabe como? Quem sabe, só não me diz, esse servo tolo da vida de amor e dor que só vale a dor se o amor foi intenso. Eu sou intenso.

Eu sou intenso.

Minha amiga, eu sou eu como sou agora. Você quer o eu que eu fui outrora. Eu não sei se posso re-ser e o eu agora morto há de renascer em outro.

terça-feira, 2 de março de 2010

Como não querer pensar já é suficientemente sentir...

Às vezes me abato. Meu pensamento cede espaço, já escasso, eu calo. Calo pro mundo, calo pra você, calejado sem nem saber porquê. Peço sinceridade sinceramente pedindo desculpas. Pela distância que é meu semblante, pelo silêncio que é meu melhor presente. Pra nós dois. Na gangorra da liberdade que pede unicidade, esse desespero de ser humano é um todo descartável indispensável. Esse mundo de abismos e pontes, chuvas torrenciais e água de fonte. Estremeço quando penso que nesse meio tempo você pode estar vivendo outro remendo outro contento outro outro outro rebento. Um re-nascimento bebendo na água d'outra fonte.

Às vezes me abato.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Labiata


Eu fiquei só
Mente e corpo
Azul como um bom blues deve ser
Deve ser karma
Corpo deve, alma pena
Quem é você que me condena?
Quem é você que me condena?

Fiquei demais
Vermelho faz o tapete desse show
Antes fossem luzes e apenas
Só mais um cantor de soul
Só mais um cantor de soul

Há penas que encenam o meu drama... fiquei tempo demais atado a essa cama

Quero samba pra minha solidão
Tenho sérios impasses comigo mesmo
Tenho tanto tempo, tanta vida
Tem você e não, tem você e não
Não tenho

Tudo posso, assim espero
Uma bossa nova reformulada
Como um Dylan revisitado
Como com gosto o que não quero
Pedras rolando montanha abaixo
Tamanho peso sobre mim não

Sobre mim sobretudo só o céu
Sobre tudo o que desejo
Solidão, solidão

Sou o frio nesse calor de chuva
Sôo frio abafado de mim mesmo
Sou o frio se esquentando no desejo
Sou só o que posso ser

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Confissão II

Eu preciso te falar como eu me sinto. Como eu sinto. Preciso. Eu sei que embaixo da minha língua tem uma bíblia de sentimentos e meus dedos não conseguem acompanhar o ritmo. Eu não consigo me acompanhar. Como cheguei a esse ponto? Em que ponto que eu cheguei?

Sou ridículo, sou grosso, sou amante, sou amado, sou sozinho, sou movimento, sou estanque. Sangro, sorrio, choro, grito. Dou banho e me banho, faço a cama, faço a festa, arranho. Ficar palavrando assim não me leva a lugar algum, mas é como um machucado que precisa ser aberto pro sangue jorrar. O que é pior? Não me importa, quero mais é o alívio.



Você me entender é suficiente até eu me desentender comigo mesmo. De novo. Eu me sinto tão humano, um exagero, que fico enjoado de mim mesmo. Fico com medo dos meus medos. Eu não sou assim. Ao menos não era. Se eu fosse ficar só eu ficaria; se eu fosse valer nada valeria. Então até se me entendes, eu penso que logo teu desejo se rende pro enfadonho desquerer. Você já ficou tanto de saco cheio, como então se renovar pro mesmo erro? E se eu te xingar, quebrar a casa, ir embora? E se essa estupidez de ir contra o que eu mais quero não se demora?



Liberdade.

Paz de espírito.

Amor.

Essas coisas qu'eu quero equacionar em mim.



Quero sumir por aí e saber o caminho de volta.

Quero que a vida me encha de porradas e eu cuspa sangue em resposta.

Você me diz que agora tudo me agride. Estou de peito aberto, é fato. À flor da pele. Qualquer coisa de mim facilmente se exibe.
Me xinga. Me extingua. Desgoste e eu te mostro a língua. Mostre a tua que eu arranco fora.
É bom ser raiva, ser tristeza, ser solidão, ser desagrado, ser o não. Assim desaprendo o suficiente do bom pra me surpreender com ele acaso ele venha noutra estação.

Confissão I

Vermelho ou a ausência de certezas além de uma única. Eu sou um espanto, diante da vida, das surpresas. Eu sou o medo, que me mostra todo dia no espelho a bandeira de humanidade cravada nas costas. Eu sou o desejo de asas nos pés, fogo nos olhos, lua no céu da boca, língua estrelada sentindo o gosto do teu cheiro sublime. E ainda assim quero ser mais. Quero nomear e ter entre minhas mãos uma soma de letrinhas tão sólida quanto meu sorriso enquanto sonho: liberdade.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Primeiros Atos

Eu não gosto de ficar molhado quando quero ficar seco
Não gosto de ficar seco quando quero ficar molhado
Nem quero te secar louco pra te ver molhada
Não quero ficar seco que avó diz que é mau olhado

Eu não gosto do bom gosto, nunca tive bom senso
Sem somas diversas não me sinto vivo
Vivo somando pra da poesia ser rebento
Arrebento as vias que me talham o caminho

Gosto de vida com gosto diverso
Azedo, amargo, doce, salgado e certo
Direito, destro, de esquerda, canhoto
Calcanhotto pra cantada, qual garoto
Fervilhando paixão
Ambíguo, ambisdestro, lambi
Valente, multidireção

Eu sou daqueles que fervem
Bem vivo,vivo bem
Sempre com, sem pressa
Sempre essa
Emoção

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Waking canvas

Certos amanhecimentos são embebidos de silêncios. Repensamentos pré-cama anestesiados por essa dádiva e desmembrados de dores com os sabores de bocas ocupadas. Desejos de boa noite que velam o sono como fogo morno - só queima o suficiente. Amanheci silenciando os mil seres de mim. Calei o mais irritante, sorri junto da minha criancice, contemplei eu-futuro e esperei pacientemente. Dentro de mim mil histórias correm junto ao meu sangue. Dentro de mim sou muitos rabiscos em papéis coloridos. E sempre repito que tudo nessa vida é escolha. Você faz a sua, eu sigo em frente com a minha. As mil histórias que eu fui e poderia ser, se resumem no que eu sou, posso e quero.

Entende?