quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sinestesia da anestesia

Eu disse uma vez que um certo sentimento era movimento. Não menti, mas fracionei uma verdade. Vida é movimento. Cada momento. Tudo te joga pra outro estado. Nada é gentil e imaculado. O viver é implacável e espelhado no sentir. E eu sinto. Cheiros, visões, texturas, gostos e sons. E tudo isso é embebido de passado, presente e futuro. E o problema maior, sinto eu, tá nos futuros. Ou seria pior o presente despercebido? O passado vem silencioso, encardido. Nossa pele fosse reflexo, seria um mosaico do que já fomos. Imagina só, que bonito, seríamos todos mais coloridos. Hoje eu amanheci pálido. E sem gosto. Cheiro fraco, falando baixo. Hoje eu me existi pouquinho. Mas hoje ainda tá indo. Indo, indo, indo.
E vida é movimento. Uma sinfonia em tecnicolor. Vento na janela balançando árvores que a gente pesca com o canto dos olhos. Pena, mas que imensa pena, eu tenho em saber que a música dos meus olhos hoje é o chorinho.

Qual é a minha cor? Qual é a minha cor? Qual é a minha cor?