segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Confissão II

Eu preciso te falar como eu me sinto. Como eu sinto. Preciso. Eu sei que embaixo da minha língua tem uma bíblia de sentimentos e meus dedos não conseguem acompanhar o ritmo. Eu não consigo me acompanhar. Como cheguei a esse ponto? Em que ponto que eu cheguei?

Sou ridículo, sou grosso, sou amante, sou amado, sou sozinho, sou movimento, sou estanque. Sangro, sorrio, choro, grito. Dou banho e me banho, faço a cama, faço a festa, arranho. Ficar palavrando assim não me leva a lugar algum, mas é como um machucado que precisa ser aberto pro sangue jorrar. O que é pior? Não me importa, quero mais é o alívio.



Você me entender é suficiente até eu me desentender comigo mesmo. De novo. Eu me sinto tão humano, um exagero, que fico enjoado de mim mesmo. Fico com medo dos meus medos. Eu não sou assim. Ao menos não era. Se eu fosse ficar só eu ficaria; se eu fosse valer nada valeria. Então até se me entendes, eu penso que logo teu desejo se rende pro enfadonho desquerer. Você já ficou tanto de saco cheio, como então se renovar pro mesmo erro? E se eu te xingar, quebrar a casa, ir embora? E se essa estupidez de ir contra o que eu mais quero não se demora?



Liberdade.

Paz de espírito.

Amor.

Essas coisas qu'eu quero equacionar em mim.



Quero sumir por aí e saber o caminho de volta.

Quero que a vida me encha de porradas e eu cuspa sangue em resposta.

Você me diz que agora tudo me agride. Estou de peito aberto, é fato. À flor da pele. Qualquer coisa de mim facilmente se exibe.
Me xinga. Me extingua. Desgoste e eu te mostro a língua. Mostre a tua que eu arranco fora.
É bom ser raiva, ser tristeza, ser solidão, ser desagrado, ser o não. Assim desaprendo o suficiente do bom pra me surpreender com ele acaso ele venha noutra estação.

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