sábado, 18 de julho de 2009

Excertos d'O Arado

Porque eu sei do que sofro:

Arado

Arado cultivadeira
rompe veios, morde chão
Ai uns olhos afiados
rasgando meu coração.

Arado dentes enxadas
lavancando capoeiras
Mil prometimentos, juras
faladas, reverdadeiras?

Arado ara picoteira
sega relha amanhamento,
me desata desse amor
ternura torturamento.

Porque eu ainda quero:

Um pássaro hás de me dar

Em manhã de pastoreio
ovelhas apriscando
largarás de tuas cismas
e cajado
que um pássaro me hás de dar
quando me amares.

Leve levemente mo trarás
das fontes dos teus olhos
sem nenhum pensamento
sem gesto liberto
a mansidão do teu silêncio
apenas.

À minha face matutina
descerá uma carícia
de pássaro
pousado.

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