sábado, 18 de julho de 2009

Em dor fina

Adoro aqueles momentos em que o sorriso se confunde com o choro,
Momentos onde me vejo neutro, percebo-me nulo
Aquela nulidade que se espalha, arrastada numa corrente de espinhos
Veia por veia no seu corpo
Assim a equação da faca mais a minha pele se resolve
Na liberdade da dor, zero
Meu corpo assim se dissolve e logo, sem perceber
Eu me lembro do mar
Aquele lugar que sempre foi do meu gosto
Guardado.
A recusa de ir ao seu encontro às vezes se traduz
Nos medos e vergonhas do mundo
Naquele sol que te descasca e mostra
A mesma criança encolhida e perdida
Naquele pedido pelo nada, na vida esquecida
Sempre me pareceu que meus pulsos
Em fina dor eram minha melhor endorfina
O mar depois da minha querida equação
É o início do meu processo,
cicatrização.

Um comentário:

  1. Esse texto é de 18 de fevereiro de 2005... achei depois de 4 anos, perdido entre memórias de papel, lembracinhas de avião e sonhos despedaçados, parecidinhos comigo.
    Não entrou no livro (sim, escrevi um), no primeiro (sim, pretendo escrever mais), mas só porque eu não lembrava dela - afinal, é a cara do capítulo "Pulsão de morte e outros descaminhos".

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