terça-feira, 30 de março de 2010

Ai se seres [Terapia Versológica]

Para tua psicose, sou Haldol
Para tua ansiedade, Rivotril
E teu TDAH, Ritalina
No teu desejo insano, sou febril
Para a minha febre: devoção
Para o meu suor: emoção
E no meu sorriso teu querer
E no teu território meu país
Nesses querer de quereres como diz
Que eu teu dia-a-dia aprendiz

Ah, esse gosto dos seres...
Nesse rosto tu me ensina a ser
Tua medicina, minha religião
Tem você e não, tem você
E não
Não tenho
De querer mais
Além do mais
A paz de pazes enfim

Sobressono

D
O
R
M
I
PARACORDAR

Poesia para acordar os meus olhos
Será que funciona?
Escrever à toa nunca me descreve
Nem que se revele o que me emociona
Releve a rima eleve a sina é leve
Assina o contrato do desacato acima
Rebeldia onírica pra refazer meu dia
Veja bem que o verso cresce a cada esquina
E logo a tinta não se esquiva do desejo
Cresce como se soubesse muito bem do teu beijo
O alvo de ti é meu alvo em si, seja mal ou bem, vem
Logo o vermelho simboliza teu fogo que procura fogo no meu colo
Poesia para dormir nus teus olhos
Será que funciona?

Intensões

O quanto de nós não passa de manutenção dos nossos velhos teimosos problemas?
Que tendência é essa tão conhecida e tão difícil de desviar que tenho de cair e mal e mal levantar?

Nunca gostei de estar caído por você de outra forma. Muito menos re-forma. Uma pontada qu'eu conheço bem e aprendi a controlar e virar e revirar noutras coisas. E procurar coisas novas. E ser gente nova. Nada de novo. Nada de novo. Porque quando o passa o novo é tão complicado tudo de novo? Eu não me prometo a você porque eu dei um passo a frente e pena, não senti que tua mão indicava o mesmo teulugar. Meulugar, outro, revolto, revolvo ao velho banco de praça, velha chuva, velhas novas dores cantadas pelo mesmo novo bêbado d'outrora. Outra hora de constrições cardíacas. Não me prometo a você que se despromete de mim. Porque na minha passada tem presente de nosso futuro. No teu passado tem o desejo do passado no presente que estamos. E eu, ramo de árvore seco, fraco, quebrei. Deixei você cair... apodreço ou viro adubo? Floresço. Quem sabe quando? Quem sabe como? Quem sabe, só não me diz, esse servo tolo da vida de amor e dor que só vale a dor se o amor foi intenso. Eu sou intenso.

Eu sou intenso.

Minha amiga, eu sou eu como sou agora. Você quer o eu que eu fui outrora. Eu não sei se posso re-ser e o eu agora morto há de renascer em outro.

terça-feira, 2 de março de 2010

Como não querer pensar já é suficientemente sentir...

Às vezes me abato. Meu pensamento cede espaço, já escasso, eu calo. Calo pro mundo, calo pra você, calejado sem nem saber porquê. Peço sinceridade sinceramente pedindo desculpas. Pela distância que é meu semblante, pelo silêncio que é meu melhor presente. Pra nós dois. Na gangorra da liberdade que pede unicidade, esse desespero de ser humano é um todo descartável indispensável. Esse mundo de abismos e pontes, chuvas torrenciais e água de fonte. Estremeço quando penso que nesse meio tempo você pode estar vivendo outro remendo outro contento outro outro outro rebento. Um re-nascimento bebendo na água d'outra fonte.

Às vezes me abato.